segunda-feira, 15 de julho de 2013

Arquétipo: Causa primordial.



"(...)Esse homem perverso está presente em todos os segmentos da sociedade; desde as famílias abandonadas até nas supremas cortes e muito mais.

A revista Veja no. 2115 de 03 de junho traz uma entrevista com Contardo Calligaris, onde ele explica a angústia de homens contemporâneos com a perda de papéis tradicionais: "O homem passou a não saber mais como ser homem. Alguns encaram os esportes radicais como o que lhes sobra de virilidade. Para outros é a vida sexual." O homem que luta pelo poder a qualquer custo, também pode ser considerado neste contexto. A causa psicológica é a construção de um mundo voltado apenas para o homem, com clara exclusão da mulher, o que criou no homem uma espécie de esterilidade da alma, levando esse homem desalmado, a criar instituições machistas, abandonando o poder de gestação do feminino, como as estruturas religiosas judaico-cristãs: A mulher só serve para ser professora ou enfermeira, enquanto ao homem é facultado o acesso a todos os postos hierárquicos. A falta de acesso ao arquétipo feminino deixa o homem sem a intuição e a compaixão.

Arquétipo é a causa primordial de toda existência. Segundo Jung, o Self é o arquétipo em torno do qual se reúne toda a estrutura psíquica. Do arquétipo de Deus, deriva-se o arquétipo do Rei e deste, o arquétipo do Pai, que é o que nos interessa nesse texto. Do livro "A filha do HERÓI - Summus editorial-SP, 1997. pag. 107. Maureen Murdoc, citamos: "O PAI como arquétipo está carregado com o poder e o privilégio de um Rei, Protetor, Sacerdote e até mesmo Deus nas famílias e sociedades há milhares de anos. A lei, a ordem e a hierarquia são corporificadas pelo arquétipo do Pai, assim como a promessa de proteção, sustento e identidade. Uma manifestação positiva do arquétipo do Pai é o rei sábio, em torno de quem gira o reino (sua família). Como Salomão, do Velho Testamento, o rei sábio utiliza seu poder com justiça e compaixão e nutre os que o rodeiam.

A manifestação negativa do arquétipo do Pai, por outro lado é o rei patriarcal, que exerce seu poder de modo rígido e injusto. Ele governa o reino (sua família) de maneira autocrática, invocando o medo e exigindo total obediência e lealdade. Como o rei Herodes, do Novo Testamento, o rei patriarcal é um tirano, aniquilando qualquer um que ameace a sua autoridade. O pai pessoal é dotado com o poder misterioso e a força do arquétipo do Pai, e assim como o arquétipo, manifesta tanto as qualidades positivas quanto as negativas. (...)"

* Trecho de "A CRISE DE IDENTIDADE MASCULINA" por Osmar Francisco dos Santos


 

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